segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Parar, esperar e.... confiar.


Recentemente viajei para outro país com o meu marido. Mais precisamente para Santiago no Chile. Claro que aproveitamos para esticar esta viagem, e como fazemos sempre fomos para lugares mais distantes, fizemos nossos passeios e deslocamentos de metrô, ônibus e a pé. Táxi apenas no deslocamento de chegada e retorno ao aeroporto.
Sempre fazemos isto, abrimos mão do “glamour”, das dicas mais comuns, dos roteiros mais chiques. Achamos que desta forma conseguimos observar um pouquinho mais do povo e cultura do lugar em que estamos conhecendo.
Lá em Santiago, bem como nas cidades vizinhas que visitamos como Puerto Varas os carros param quando o pedestre coloca o pé na faixa. Sim, mesmo em ruas com sinais e placas como em Santigo ou em ruas pequenas e quase sem sinalização como Puerto Varas.
E se você já foi a Santiago, ou até em alguma cidade do Brasil que isto acontece vai me dizer: qual a novidade? Nenhuma.
Mas para nós que moramos em São Paulo, e que até mesmo com o farol verde às vezes tem receio de atravessar com tranquilidade, fez diferença. E é sobre um diálogo nosso em uma destas ruas, que eu refleti e escrevo agora.

Acho que já no 3º dia de viagem percebi que o meu marido atravessava correndo, receoso, ás vezes eu colocava o pé na faixa e ele parava e segurava no meu braço, querendo me impedir de ir.  Decidi perguntar a ele: você já percebeu que eles param, que aqui eles dão preferência ao pedestre?

Ele me disse: "sim, eu percebi, mas não confio. É ser humano com uma máquina na mão. E se ele não parar?"
Eu respondi: mas eles param! Confia. No 5º dia ele já estava mais confiante.
Além de uma série de pensamentos e percepções que esta viagem me proporcionou fiquei pensando nesta alusão.

Eu tenho “parado” em respeito ao meu próximo? Aquele semelhante a mim, ou não, que precisa passar?
Eu tenho confiado que o meu próximo vai parar e me deixar passar? Sendo eu semelhante ou não?
Quantas vezes podemos ou precisamos entender que é o momento do outro, ou até mesmo que seja o nosso, é gentil e confortador parar para que o outro siga em frente.

Ou quantas vezes precisamos confiar que o outro não irá nos “atropelar” ou “puxar o nosso tapete”?
Embora, eu tenha ficado tranquila e confiante nas nossas travessias no Chile, percebi que eu já fiz algumas paradas na minha vida para que outros seguissem em frente.

Mas não confio, não espero e não acho que outros parariam para que eu siga em frente.
E é ruim não confiar. Pois quando não confio, eu não estreito, eu não dou espaço, fico em estado de alerta. E se não há confiança, ainda que o outro pare eu “atravesso” rapidamente, cautelosa, em passos rápidos.

O que eu tenho perdido por não confiar, quais sorriso e paisagens tenho deixado de enxergar?

E você, tem parado? Confiado?